domingo, 28 de agosto de 2011

Onde nascem as almas (?)

Ah! É só o sol que meio jazzístico adormece entrincheirado na profusão de concreto e deixa que o acorde se prolongue entre um remelexo de menina que se aproxima e a distância dos tons pastéis de um tempo mágico no qual não havia despedida. Fecho os olhos para que o ar serpenteie na varanda entre as rendas portuguesas e os lilases das malvas e ouço o outro lado do disco, uma canção que sempre me deixa em suspenso como a uma marionete que insiste em chamar para dançar quem tem olhos de retrós. Mais tarde, pouco depois dos minutos que precedem as almas, adormeço. São elas que nos levam pela aventura do sono e revolvem nossos sonhos como terra pronta para a semeadura. Deixo-me sonhar e reviro-me entranhado, acordo na imensidão do dia, viro o disco e deixo tudo recomeçar.  

domingo, 14 de agosto de 2011

Das brincadeiras e da salvação

Do outro lado um vento que seria azul não fossem as divagações rodopiava com as folhas. Sempre olhei os redemoinhos com olhos de encantamento e é bom que se diga SEMPRE é um dia ensolarado quando ainda criança ouvia dizer que no redemoinho um saci existia. Era um tempo de existires e incursões entre desajeitadas e heróicas pelos quintais e terrenos da vizinhança. As encostas no olho aventureiro eram escarpas e precipícios que se faziam de lama e rama e uma vontade sem nome de se ver rolar vermelho por inteiro e no sumidouro da luz entregar-se aos cuidados das mãos carinhosas, fossem elas dos parentes mais próximos, fossem as mãos de um socorro sincero atiradas ao fosso para que escapássemos sozinhos num renascimento de pulmões inflados e olhos espatifados contra a imensidão de flocos rabiscados de êxtase entardecido.  

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