domingo, 21 de março de 2010

Sonhariam os hippies nos quintais?

Então saíamos por um mundo aquariano com sorrisos abertos e passos incertos. Coreografávamos nossos rumos com a estupefação dos vizinhos e os jardins em tons trepidantes pareciam florir em nossos olhos de um abrir e fechar de rosas e açucenas, margaridas e malvas tão pequenas surgidas sempre que nos percebiam sorrir. Era um cortejo entre alucinado e carnavalesco, e mesmo que um e outro se confundissem alucinávamos transeuntes e voávamos por sobre os temporais avessos a estes feudos matinais. Preferíamos a profundidade das madrugadas fiadas sorvidas inteiras na esquina das meninas e dos meninos queridos, queríamos mesmo a cachaça barata durante as horas mais fartas quem sabe uma letargia mais franca, um sentimento de que a morte espreitasse dos guetos como é costume entre os mais queridos e desassistidos e corríamos dali como quem corre para os braços de um grande amor idealizado num passar de páginas mal digeridas, num ouvir de boleros, sambas e blues malemolentes já que não há vida possível sem o requebro dos quadris.



sexta-feira, 12 de março de 2010

Tirinhas de jornal e reencontros

Glauco Villas-Boas (10/03/1957 - 12/03/2010)

Conheci um sujeito há muito tempo que não devia nada ao “Geraldão”, aliás, não me surpreenderia cruzar o Glauco qualquer dia destes e descobrir que ele também o conhecera e que lhe servira de inspiração. Também conheci uma “Dona Marta”, lá nos meus tempos de bancário. Certa feita, assediado em pleno almoxarifado, perguntei se conhecera o Glauco, o cartunista. Não, não fazia ideia de quem se tratava. Expliquei que ela lembrava, e muito, uma personagem criada por ele, assim, digamos, vibrante.

Nunca cruzei com o Glauco. Estava até conformado, eu morando em Aracaju, ele em Osasco, mas não completamente descartado, afinal, em tempos de redes virtuais e promoções de companhias aéreas, ir prá lá ou vir prá cá fica cada vez mais fácil.

Ainda outro dia, desbravando um velho baú de “recuerdos”, encontrei algumas tiras do Glauco recortadas do jornal. Senti vontade de encontrá-lo e, finalmente, lhe perguntar quem lhe servira de inspiração. Mas não o procurei na internet e sequer cogitei pegar um voo pra Sampa.

Agora não importa. Conheci mesmo o “Geraldão” e a “Dona Marta” e, mais recentemente, até alguns “casais neuras”. Quem sabe um dia, antes do fim da estória, os reencontre por aí juntos com o Glauco para algumas boas gargalhadas.

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