segunda-feira, 17 de maio de 2010

POEMA CRÔNICO

ou
Pequena crônica das cores do meu amor

Nos últimos tempos amou vazio.
Deitou-se sozinho quando lhe sussurraram tolices no ouvido; desabou-se em reentrâncias irrespiráveis e cegas, mas antes,
antes amara com tanta avidez que construíra um mundo de cores arrebatadoras.
Vermelhos tão violentos que era sangue qualquer beijo; amarelos magnânimos que sequer Van Gogh imaginaria; azuis só possíveis do espaço, pois azuis intermináveis; verdes frondosos, saborosos, embalados pelo branco de uma brisa fria.

Também amara de um jeito tão desconcertante que as horas se fizeram de uma brevidade cremosa para depois precipitar-se orvalhada no seu púbis contraído.
E amara descalço sobre brasas e tão alto que nenhum Everest bastaria;
amara tão nevralgicamente que se tornara crônica a dor de um bem-querer despetalado.

Amara convulsa e tristemente através de velhos poemas amarelecidos de tempo e lágrimas, mas amara, sobretudo, com os olhos bem abertos de tão profundo que fora o mistério.

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