domingo, 19 de fevereiro de 2012

(Deso)lado

(Relatividade - Litografia de M. C. Escher, 1953)

Do outro lado não há um lado como em geral os lados são, quer dizer, não há um padrão, contudo, um lado é sempre um lado e, como tal, é reconhecido por qualquer pessoa, exceto por mim que do lado de cá (e deste lado sinto-me a vontade para por em dúvida a retidão do outro lado) vejo o outro lado mais como um acidente ou uma ausência, uma dor profunda semelhante à nostalgia. O lado que necessariamente não representa aquilo que considero o lado certo, embora seja correto considerar a minha opinião como pouco afeita às simpatias pelos lados, tem por sua vez, outros lados e esta sucessão de lados deixa qualquer um aturdido, mais ainda, deixa qualquer um completamente enlouquecido. Os lados dos lados internos quase sempre tentam o centro, na pior das hipóteses sobrepõem-se aos lados externos o que causa certo furor nas estruturas que permitem a tantos lados a manutenção de alguma lógica. Os lados externos se esforçam para não serem sobrepujados. Inimaginável a existência de um lado sem o outro. Os lados se amparam e mesmo que não o saibam se suportam. Muitas vezes são responsáveis diretos pela sobrevida do outro lado. Sem um lado, o lado deixa de ser aquilo que é e passa a ser alguma coisa entre a realidade de um varal e a necessidade de vigas.

9 comentários:

Joice Worm disse...

Então... A melhor forma de não se preocupar com os lados é imaginar-se redondo e direcionado para o centro. Assim, ficas com três hipóteses ao menos. Uma que vem de fora para o lado externo e é aquilo que vemos em voce e que se percebe aparentemente. Outra que é aquilo que determina d«os lados, você mesmo. Outro interno que é portanto como você se sente ou pensa que é. E finalmente o centro, que representa a sua única e pura essência.
Estarei certa? :-)
Um abraço, Sérgio!

Anônimo disse...

Joice, antes de tudo, grato pela visita. Fico muito feliz sempre que alguém que se propõe a dialogar sobre o que escrevo ou “deixo” de escrever. Com relação às hipóteses “circulares” (e foram quatro, não três...rsrs...) que você propôs, noto o seguinte: aquilo que veem ou o que pensam de mim (do “eu”) não está imune a si mesmo e continuará interferindo na composição dos lados, pois não se trata apenas de ignorar-se os lados, mas de assumir uma forma que se contraponha aos lados e estabeleça novas relações; não creio que determinemos os lados, mas certamente atuamos de modo a edificá-los com mais ou menos precisão; como me sinto ou como penso a mim está diretamente associado à configuração dos lados, sempre que estes se alteram, sofrem abalos, rachaduras, sentimentos e pensamentos se comovem de acordo com a intensidade destes fenômenos; no centro, de fato, está a essência, mas feita de que? Bom carnaval...beijabraços!!! Sérgio Luyz Rocha

Vera Basile disse...

Boa Ilustração pro seu texto Serginho!!! Lembro dele num antigo blog seu...ou nosso...não lembro bem..rs. Bjos e saudades amigo!

Anônimo disse...

Vera, por onde andas?!?Não me recordo d eter utilizado esta ilustração em nenhum blog,mas o texto sim já foi publicado num antigo blog...acho que o nome era "Qualquer nota".
Não suma...
Beijos!
Sérgio Luyz Rocha

Anônimo disse...

PUES SEA DE UN LADO O DEL OTRO,YA ES CASI UNA RUTINA,QUE SE EJERCITA,SIN PENSAR!MUCHAS GRACIAS POR TU CONVITES!
MUCHAS GRACIAS!
lidia-la escriba


blog actualizado,te invito

Sônia Silvino (CRAZY ABOUT BLOGS) disse...

Os lados fazem parte dos espaços reais e também de forma conotativa.
Viver é aprender a escolher o lado mais adequado.
Beijos, querido!!!!

Joice Worm disse...

:-)) Então não vê quais são as partes do redondo? Lembre-se daquilo que você é feito pela sociedade, daquilo que você nos mostra, daquilo que você pensa que é, e finalmente o que realmente é. Sim, redondo com quatro vistas: O que está em volta, a primeira camada aparente, a mesma sentida e o limite interior. Melhor lhe explicaria o psicólogo social George Mead. Hehe. Bons sonhos, Luiz.

Elvira Carvalho disse...

Confesso que fiquei um pouco confusa com esta dissertação sobre os lados.
Um abraço e bom fim de semana

Vanuza Pantaleão disse...

O lado de cá...o lado de lá...o lado bom...o lado mal...o lado feio...o lado bonito. E o todo, onde fica?

Tô do teu lado, Serginho, nessa trama entrelaçada de palavras interligadas numa tapeçaria sem lados.
Adorei, lógico! Ilógico é não gostar.
Uma ótima semana, amigo!

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