segunda-feira, 17 de maio de 2010

POEMA CRÔNICO

ou
Pequena crônica das cores do meu amor

Nos últimos tempos amou vazio.
Deitou-se sozinho quando lhe sussurraram tolices no ouvido; desabou-se em reentrâncias irrespiráveis e cegas, mas antes,
antes amara com tanta avidez que construíra um mundo de cores arrebatadoras.
Vermelhos tão violentos que era sangue qualquer beijo; amarelos magnânimos que sequer Van Gogh imaginaria; azuis só possíveis do espaço, pois azuis intermináveis; verdes frondosos, saborosos, embalados pelo branco de uma brisa fria.

Também amara de um jeito tão desconcertante que as horas se fizeram de uma brevidade cremosa para depois precipitar-se orvalhada no seu púbis contraído.
E amara descalço sobre brasas e tão alto que nenhum Everest bastaria;
amara tão nevralgicamente que se tornara crônica a dor de um bem-querer despetalado.

Amara convulsa e tristemente através de velhos poemas amarelecidos de tempo e lágrimas, mas amara, sobretudo, com os olhos bem abertos de tão profundo que fora o mistério.

6 comentários:

Fabrício Brandão disse...

Um dos signos que, a meu ver, mais recobrem as noções do amor reside no mistério. Há mistério até mesmo quando nos repetimos nesse terreno.

Teu poema instiga, amigo!

Forte abraço!

Sr do Vale disse...

e o pior.......a dor.

Khalit Sabanur disse...

E a dor sufocante passeia pelo ausente mistério...


Magnífico


Beijo, menino.

Alis disse...

Olá Sérgio.

...

[

esse misté rio das tuas palavras tb tem brasas....

beijinhos e saudades

Anônimo disse...

AMO ler vc...
AMO fazer parte de sua história...
AMO frases como: 'olhos bem abertos de tão profundo que fora o mistério", depois de tantas cores pinceladas em nossos olhos acostumados com lusco-fusco cinza e preto das grandes cidades.
Vc é um artista completo!
Parabéns..
Tão bom visitar seu blog!

Susan Blum

Anônimo disse...

Vc. e simplesmente maravilhoso...
Escreve com a alma, adoro tudo que escreve, nao pare nunca.....

Maria Luiza

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