domingo, 13 de maio de 2012

A ceia do imaginário

Havia luz e uma janela suficientemente ampla permitia algum devaneio; algum prodígio que em órbita colocasse a tarde e todos os sentidos que te acarinhavam fartos e todos os sabores que te lambiam a vulva.
Havia luz o bastante para afetar-me a visão com os caprichosos contornos do seu corpo enfermiço, havia fixação na prontidão física que a mantinha casta, puta abandonada em plena ceia, delicada cria sem redenção.

Tela: "Menino mau" de Eric  Fischl

domingo, 6 de maio de 2012

PARSIFAL 84

Ouçam de Santana um oitenta e quatro arpejado num clássico de canhoto faminto; 
Xangô gregoriano auscultado nas fábulas do bares.
Ouçam o latido do cão danado que em silêncio ateia fogo ao colosso de Orwell e nas magias do municipal vigiado a cada drama.
Ouçam todos os detalhes de sua composição sonoro-arquitetônica, que vibra em todos os nomes da face do homem que Wagner chamou Parsifal.
Ouçam o capanga da arte que se move magro entre árvores de sombras desmaiadas,
por entre descendências bêbadas que conspiram versos e sons, enquanto o instinto espia o silêncio.
Ouçam de Santana as óperas imaginadas e tão docemente irradiadas pelos olhos do
cão amigo
Xangô
Parsifal.

Tela de Jean Delville: "Parsifal"

Twittando

    follow me on Twitter