domingo, 27 de fevereiro de 2011

Inocência

Pensar quem sabe um caminho
Sem sois tristes repousados
Suar a prece amanhecida
Sequer luares amontoados
Quem sabe mar de chamas ventadas
Aos pés de um adeus calado
Um mar revolto endiabrado
Como ventania de mares sonhados
E soçobrar, a beira, encharcado
De sol, mar, suor e prece
Soçobrar à lua imensa partida
Dito fragmento perdido
Incrustado
No fundo dos olhos que avistam
O caminho de tanta ironia
Quem sabe pensar um sorriso
Que sorria para si e para os deuses
Não com os dentes à mostra, imprecisos
Mas narcísico e onisciente
O próprio riso divino
De tão menino seguindo sois, luas, martírios
Tão canino sorrindo prá lua
Tímida entre nuvens em desalinho
De tão contínuo
Caminho.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Assim, feito uma velha folha em branco

Algumas horas quarando ao sol, só o claro absoluto borrado por todos os lados e sentidos despejado em plena anestesia de sabores e visões. Há uma calmaria fingida ao fundo, uma espécie de torpor que emudece até a alma. Sinto-me atado aos destroços de um fim de semana laqueado, do qual desperto tantas vezes e tantas outras desvaneço. O sol nem é sol, é mais um arremedo sobrenatural amarelecido não de si, mas dos olhos que não o suportam; e o claro nem arrefece ou prostra como é próprio das luzes intensas, ao contrário arrebata, desmemoria toda sorte de quereres, aqueles que nos ferem o coração e o baixo ventre numa sucessão de beijos e arremates, golpes e estocadas, fugas e olhares, olhares impossíveis de sol, sol impossível de festa, pois, precisamente à uma hora dessas toda festa é um princípio de sol borrado por todos os lados.

Twittando

    follow me on Twitter